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Gosto da minha rotina. Gosto de acordar as 8h45m, levantar-me lavar os dentes e vestir-me. Gosto de comer as minhas duas torradas sem codia. Gosto de preparar uma merenda para comer as 11h. Gosto de pôr o comando da garagem e as chaves da Vespa no bolso esquerdo porque dá mais jeito para abrir o portão sem tirar a mão do acelerador da Vespa que de manha ainda está fria e tem o relantim instável. Gosto de ter as chaves do atelier no bolso direito para estarem logo a mão para quando chegar ao destino. Gosto de descer no elevador da direita porque o da esquerda demora a fechar a porta do r/chão apesar de eu sair do 5º andar directamente para a cave. Gosto de por o capacete no elevador. Gosto fazer uns 5minutos de Vespa de manha e de passar no Príncipe Real. Gosto de estacionar a Vespa sempre no mesmo pilarete que tem um autocolante branco. Gosto de entrar no atelier de manha e dizer: Bom dia! apesar de nunca lá estar ninguém. Gosto de colocar o capacete do lado direito da cadeira. Gosto de ligar o computador depois o ecrãn e depois o radio. Gosto de ficar a janela enquanto o computador se liga. Gosto de ver os emails antes de começar a trabalhar. Gosto de estar entretido a trabalhar. Gosto de comer a minha merenda as 11horas. Gosto quando a minha mãe me liga as 12h45 a confirmar a minha ida a casa almoçar. Gosto de por outra vez as chaves e comando no bolso esquerdo e desta vez as chaves de casa no bolso direito. Gosto enrolar a camisola na mochila porque está calor. Gosto de atravessar o Bairro Alto de Vespa. Gosto de chegar a casa e ver se há correio para mim. Gosto de me deitar no sofá depois de almoço à espera do American Dad que começa as 14h15 depois Simpsons as 14h40 e outra vez Simpsons as 15h05. Gosto de preparar as coisas para o ginásio e sair depois do último episódio de Simpsons. Gosto de ir a pé até ao ginásio. Gosto de estar lá pouco mais de 1hora. Gosto de voltar para casa e não ter nada para fazer. Gosto de conseguir perceber que os meus pais estão a chegar e esconder-me atrás da porta e pregar-lhes um susto. Gosto de jantar às 20h a ouvir o telejornal. Gosto de levar o computador para a cama e ver um filme antes de dormir. Gosto de toda esta rotina.
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Sempre considerei Rotina uma coisa má, mas agora parece que gosto, ora se vir no dicionário, a palavra Rotina vem do Francês "Routine" e significa: Caminho já trilhado e sabido; Hábito de fazer as mesmas coisas ou sempre da mesma maneira; Prática constante; Índole conservadora ou oposta ao progresso; Aversão às inovações.. Bem.. esta definição só serviu para eu baralhar mais, foi tão útil para defender a minha nova posição em relação a Rotina como tentar ter um diálogo político com a Odete Santos.
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É estranho como se acabam relações por haver rotina e eu adoro tanto a minha. Provavelmente se a fizesse acompanhado não ia gostar.. Sou realmente um ser estranho, no sentido positivo ou negativo, não sei.. mas certamente tão estranho como eu ter usado uma analogia com a Odete Santos neste texto..
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Gravíssimo
1 comentário:
A minha alma está parva.
E não é que, depois de alguns meses de retiro espiritual, o poeta mundano está de volta, a todo o vapor, pronto para girar, mais uma vez, a chave da ignição desta máquina enferrujada - a blogosfera - que não tem lenha por onde arder sem as intervenções do poeta sem rumo...
E que regresso foi este? Como todos sabem, o poeta não sabe fazer um regresso mediano. Com o mundano eduardo, é tudo em grande. Anteriormente, nós pensávamos "mas quem é este ser, esta existência tão profunda e, ao mesmo tempo, tão mundana? Será que é uma pessoa como nós?", e o poeta, que nos mima sempre com o seu discurso, revela-nos, por exemplo, como gosta das torradas, o caminho que faz para o trabalho, o elevador que escolhe para ir para a garagem... Enfim, no fundo, um aglomerado de factos que, em tudo, prometem revolucionar o pensamento humano.
É obrigatório também salientar essa grande revelação por parte deste messias, que consiste na descrição pormenorizada da distribuição que faz das suas chaves entre o bolso esquerdo e direito. Não vale a pena inventarmos histórias ou fugirmos aos factos: depois destas revelações, a crise dos bancos de investimento passou a ser uma brincadeira de crianças.
Dado que isto é um comentário, e não um post, não vou comentar a frase "Sou realmente um ser estranho"
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